Vitchfork

Ter 30 Jun 2020, 9:33 pm

Fine Line | 85 [NEW]
Tranquility Base Hotel & Casino | 75 [ ↓ ]

Ter 30 Jun 2020, 10:12 pm

Análise

É impossível ficar indiferente ouvindo TBH&C, nos primeiros segundos da canção que inicia o CD temos uma melodia mais influenciada pelo jazz e pelo soul, com um piano ao fundo altamente presente. Por um breve momento, você se questiona se esse é mesmo o álbum correto que está tocando e à medida que as músicas vão passando, surge um sentimento de frustração. Quem acompanha a carreira dos britânicos criou inevitavelmente uma expectativa elevada para seu sexto projeto e encontrou algo completamente inesperado.

Não me entendam mal, o álbum é ótimo e Alex sempre entrega trabalhos fantásticos mas quando se atinge um auge, é difícil viver e trabalhar em cima disso. Reproduzir o álbum anterior seria um erro e tentar superá-lo uma grande dificuldade, então entendo e aceito a decisão de seguir por outro estilo (ainda bem pertinente ao da banda em vários elementos), porém a sensação de não ser memorável quando os minutos se acabam é permanente.
No entanto, Arctic consegue manter sua melancolia de sempre, conversando sobre os mais variados temas, desde sua própria carreira, passando por frustrações do mundo moderno, tecnologia, sonhos não concretizados e até uma canção de amor.

Opinião final

Pessoalmente, eu devo dizer que não deve entrar no meu top 3 da banda e acredito que não pretendo ouvi-lo muitas vezes embora seja extremamente coeso e maduro. Após algumas ouvidas, o CD se torna mais palatável e eu já consigo cantar sem esforço algumas canções, porém não é o direcionamento que eu esperava da banda e talvez isso prejudique a minha experiência, quem sabe daqui a alguns meses se eu ouvi-lo novamente, mudarei de opinião.

Qua 01 Jul 2020, 11:18 pm

Análise

Em seu segundo álbum solo, Harry provoca, evoca e se droga. Após dois anos do debut, tanto o novo álbum quanto seu nome já começavam a gerar antecipação. Com o homônimo, Harry anunciava na indústria da música que tipo de artista ele queria ser, distanciando-se bastante da sonoridade da banda cujo um dia fez parte. Porém, é em Fine Line que o artista se assume um produto claro de suas principais influências musicais, ostentando também uma imagem desprendida e fashion-aware que atraiu os olhares de todos para seu trabalho.

FL é, além de tudo, uma evolução artística de um menino que desde sempre demonstrava ser capaz de mais. Muito se fala sobre o porquê de Harry Styles ter alcançado um status quase que de “rock star” em um tempo tão curto e eu acho que a resposta é a essência desse álbum. Como artista, Harry amadureceu bastante sua arte e conseguiu transpor, em 12 canções, sua personalidade esquiva e misteriosa, um dos motivos que o fez muito popular, cantando sobre amor mas pouquíssimo sobre seu amor, falando sobre decepções e dores mas não deixando o ouvinte identificá-las. Contudo, as exceções como Cherry e Falling, são onde Harry brilha liricamente. A primeira, inclusive, contendo um áudio de seu ex-afeto e a segunda, uma balada poderosa sobre perder a si mesmo. Num geral, acho que Harry conseguiu produzir um álbum altamente atual com canções mais experimentais e outras mais radio-friendly ainda que a sonoridade geral do Fine Line não seja o que é mainstream hoje. Vocalmente, ele abusa um pouco mais do falsetto do que de costume e brinca mais com suas cordas vocais como em Sunflower, Vol. 6, onde produz um outro apenas através de vocalizações. Devido ao grande sucesso e longevidade de sua era, é esperado que Harry seja nomeado ao Grammy pelo álbum e por Adore You, canção de maior sucesso do cantor e talvez até leve um ou dois pra casa.

Opinião final

Pessoalmente, eu acho que as escolhas dos singles são acertadas e gosto bastante dos 4, sendo Watermelon e Falling as minhas favoritas. Se comparo com o primeiro álbum, acho que Harry peca demais na persona misteriosa nesse e liricamente o álbum é muito menos poético que o primeiro. No entanto, é inegável que ele caminha na direção correta e deslancha na frente de muitos artistas de sua geração como uma grande promessa da música. Canyon Moon e TPWK são as que menos lembro do álbum ainda que na linearidade da tracklist soem bastante agradáveis.

Sex 03 Jul 2020, 9:23 pm

Análise

Future Nostalgia é a essência da música pop. No início dos anos 80, quando o gênero se popularizou, através de nomes como Madonna e Michael Jackson, o pop era tido como músicas para a massa com apelo visual. Com o passar dos anos, esse senso comum progrediu assim como as canções ganharam o gosto popular e no final do século XX, a sonoridade se apoiava na arte e vice-versa.

A sensação que eu tenho ouvindo o segundo álbum de Dua Lipa é que, atualmente, chegamos naquele limite onde a música pop precisa se reciclar. Como fã, consumidor e apreciador, devo dizer que o gênero nunca foi o meu preferido porém me moldou bastante visto que esteve no auge durante minha pré-adolescência e nos anos seguintes. Contudo, o que sempre me impedia de mergulhar de vez era o fato dele ser facilmente genérico e limitado. Os artistas eram, em sua maioria, produtos e vivíamos um ciclo de dependência, esperando pelo próximo MJ ou a próxima Madge e quando isso não acontecia, o gênero olhava pra trás e tentava replicar o que já tinha dado certo. Em FN, temos uma newcomer que, após o impacto de seu primeiro LP e dois Grammys na estante, tinha o mundo em suas costas, aguardando seu próximo passo. Muito jovem, porém muito consciente de sua arte, a britânica mergulhou de vez na sonoridade dance lançando parcerias de sucesso com Silk City e Calvin Harris antes de lançar seu lead single oficial. E mente descaradamente quem consegue ficar indiferente ouvindo Don’t Start Now. Trazendo fortes influências dos anos 80, a era disco, Daft Punk e etc, DSN exige que você dance junto com ela e é uma perfeita porta de entrada para a nova era dessa artista. Pessoalmente, eu preferia que ela trouxesse algo novo apesar de ser incapaz de afirmar que o álbum não tem a sua identidade em todas as canções. Completamente no controle do seu futuro mas olhando pro passado, Dua trouxe um dos melhores álbuns pop de 2020, revitalizando o gênero, depois de uma década assistindo ele decair lentamente.

Opinião final

Com um álbum inteiramente dançante, Dua canta sobre amor e empoderamento em 10 faixas incríveis que mesclam o dance, o disco, o pop e visuais impecáveis. Se um dia, o gênero flertou com a arte, FN casou, teve três filhos e vive feliz para sempre. Acho, inclusive, que as escolhas dos singles são excelentes mas as não singles são tão gostosas quanto. E apesar das 7 primeiras serem muito boas, devo dizer que a tríade Love Again, Break My Heart e Good in Bed onde ela canta sobre se apaixonar novamente depois de muito sofrer, sentir que seu relacionamento está fadado ao heartbreak e por fim, confessar que o sexo é a única coisa que ainda funciona é sensacional.

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