LEViAVALiA (com carinho)

Pabllo mencionou que quando foi conceber o 111 [data do aniversário dela, 1/11], falou que tinha que ser uma playlist de festa de aniversário. Acertou nesse quesito, pois o álbum cai muito bem em uma festa [ruim é só que a festa vai durar vinte e poucos minutos e.e]. Pabllo é um dos raros exemplos de artista que consegue explorar uma variedade de estilos [em especial a música pop americana] sem deixar de imprimir sua personalidade, seu estilo. Ainda conseguiu misturar três idiomas e enfiar uma penca de colaborações sem comprometer a qualidade do trabalho, pois ficou tudo muito bem estruturado e o essencial: todas as participações somam.

Se tem algo a ser elogiado nesse álbum, certamente é a produção, que se destaca até nas faixas mais fracas. Além de ter imensa contribuição para a coesão do álbum, ela é interessante e beira o experimental em algumas faixas. Selena encontrou seu som e trouxe o melhor álbum da carreira.

É muito difícil apontar um destaque neste álbum quando praticamente todas as músicas são maravilhosas à sua maneira, pois cada uma traz uma originalidade e identidade própria. E isso tudo mantendo uma coesão do caralho. Tem tanto detalhe nas produções e ainda assim não fica cansativo, porque ficou tudo tão bem balanceado. Só após as 9 primeiras faixas que fluem perfeitamente, o álbum dá uma deslizada, pois Good in Bed tira um pouco do mood e Boys Will Be Boys termina de enterrar, mas que bom que até aí acertaram a posição das faixas. Futuro, nostalgia, conceito, coesão, sucesso e aclamação: veio.

Aquecimento global, morte e tristeza são alguns dos temas que a Grimes procurou trabalhar aqui, acredito que de uma forma mais atmosférica, pois as músicas não têm muita letra. Mas enquanto não se versa sobre o assunto, os instrumentais são poderosos o bastante para despertar alguns sentimentos.

O que eu achei mais lindo nessa narrativa do Abel é como uma faixa se encaixa na outra. A produção é impecável, não é um mero plano de fundo,  a batida conta a história junto com a música. Por isso muitas músicas soam cinematográficas. Apenas realmente acredito que o resultado seria melhor se o álbum fosse mais condensado, pois há uma certa repetição de temas. Ainda assim, não deixa de ser um trabalho muito bem feito.

É um bom trabalho, só faltou algo nele para que fosse mais substancial, talvez se fosse só um pouquinho menos introspectivo. Alguns assuntos mais pesados acabaram passando despercebidos, especialmente em Life of the Party (que poderia ter um refrão melhor). E eu ainda não consegui encontrar a Mitski em Susie Save Your Love.

Rina veio com o "fogo no olhar" que tanto se cobra da geração atual de cantoras pop, e a confiança dela contribui de forma muito positiva para entregar um álbum de estreia forte e com personalidade, como deve ser. Impressiona a manutenção da coesão sonora mesmo com a grande mescla de gêneros musicais, embora tematicamente seja mais bagunçado. Ainda assim, traz certa consistência por todo seu viés social.